terça-feira, 28 de julho de 2009

Simbologia


Lê-me. Tacteaste os meus ombros de mel e de fel. Confrontei-te meu amor, não sou apenas malmequeres e doce de morango. Sou fogo implacável, quase certeiramente. Doo-me às vontades e desejos envaidecidos que perfuram a minha impetuosa personalidade. Sou assim sem saber bem o que isso implica (ingenuamente?). Aquece-te meu amor, vais moldar a tuas mãos ásperas e calejadas aos meus ombros insinuadoramente agridoces.
Nunca profiras, pelo meio de conversas dispersas e erradas, que o meu olhar é um espelho partido. Quanta ingratidão, será que desvaneceram das tuas páginas os tempos em que te adormeci no meu colo? Tu, imperador dos meus sentidos, deixavas-te ir com a noite, assim que o pranto de agonia era derrubado pela minha eterna presença. Incondicionalmente, varri lágrimas e destroços e criei desejo em ti. Não me apontes nunca um único ponto, não queiras perder razão e ciência.
Respira-me. Forma de sobrevivência, tua e minha, ou será somente de um só ser? Não necessito de delicadeza, apenas necessito que me prendas a ti, por tudo o que é mais sagrado, meu amor. Juro que nunca desafiaremos a linha ténue que nos separa da trivialidade.

domingo, 26 de julho de 2009

Vertigem


Sempre que me encontro entre um ou dois enganos, chegas e alteras-me o passo. Suspiro pelo ritmo elevado, alta velocidade e correria de viver, porque teimas em atrasar-me? Surges com essa atitude plena em confiança e manipulas-me. Desfazes-me as vontades e certezas e deturpas-me a determinação. Mas quem ousas ser para enxovalhares a minha sentimentalidade e comandares-me a teu bel-prazer? Não me digas que usas essa tua habilidade ingenuamente, não me convences, eu sei que sabes e pensas um passo à frente do resto do Mundo. Não me tenhas como certa durante muito mais tempo, as tuas disposições dizem-me cada vez menos. Será que te incomoda esta ideia? Estou a escapar-te por entre os dedos e de nada vale essa tua segurança toda. Vai doer-te quando olhares para trás e eu já não estiver na tua sombra, vais lamentar um dia não me teres chamado amor.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Burning letters


Pensei em escrever-te uma carta. Nunca será suficiente. Nunca será suficiente contemplar-te durante as vinte e quatro horas de existência do Mundo, nunca será suficiente desvairar pela tua perda, pela perda do teu perfume, do teu perfil, da tua presença. Sei onde estás. Não é sorte, é escolha. Nunca será suficiente saber o gosto e nunca o saborear, conhecer a pele e nunca a tocar, sussurrar confissões sem as proferir. Será apenas suficiente soltar amarras e apegos, sem abandonar amores e paixões. Serão apenas suficientes sorrisos quentes, entrelaçares de dedos ardentes, abraços protectores envoltos de ardor sincero.