domingo, 13 de setembro de 2009

Underwater


Eu só quero amar o que faço, nem que isso implique um ou dois tropeços, escalar o Everest ou vender o meu orgulho. Eu só quero as letras, a fervilharem na minha cabeça, a comporem mil e uma melodias, a preencherem-me de aromas profundos. Eu quero o delírio de ser o que sempre fui.

domingo, 6 de setembro de 2009

Philippe


Entristeces-me. Sinto os olhos tão pesados, como se carregassem o mundo ao colo. Milhares de névoas impedem-me de vislumbrar o horizonte. Tenho um nó na garganta, que me fraqueja a voz, que me fraqueja a alma. O sol brilhante lá fora queima a minha pele, mas congela-me. Eu já não te quero, só te amo à distância. Querer-te implicaria viver o pior de mim, a serpente que eu fui, as cascavéis que me rodeavam. Prefiro assim, amar-te porque sobre ti não sei nem imagino sentir outra coisa. Amar-te ontem enriqueceu-me, amar-te hoje entristece-me.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Philippe


Adeus, meu melro, amargamente me despeço de ti. Amor de uma vida, porque tiveste de partir tão cedo? Apenas agora havia começado a saborear-te, a sentir-me protegida por ti, pela tua fonte inesgotável de conforto... Eras possuidor de um qualquer poder, misterioso e fascinante, que me incentivava a saltar para o abismo descrito como sendo o paraíso.


Eu já era tua, inteiramente, e abandonaste-me... Prometeste que ias cuidar de mim, sempre! Por ti, virei as costas ao resto do Mundo, aos meus gostos e afazeres, larguei os meus lençóis e embrulhei-me nos teus.


Agora as minhas faces estão de novo empalidecidas, pela tua ausência, pela tua partida para o vazio... Não amarei nenhum outro homem, não conseguirei, não suporto nem sequer um pensamento sobre o assunto. Quero que sejas o eterno e o absoluto, o primeiro e o último, o único!


Quero manter-te vivo, chama ardente, apenas dentro de mim. Quero recordar para sempre o sorriso que te roubava matreiramente, sempre que te lançava o meu olhar apaixonado. Ainda mais quero recordar as poucas frases que proferias, curtas e cruas, mas que me enchiam a alma e me tornavam tua submissa.


Era um extâse ouvir a tua voz, só uma vez que fosse, tal como quando me telefonavas e me exigias que repetisse vezes sem conta que contigo estava protegida.


Não consigo olhar para ti neste momento, dentro de quatro tábuas que iram enfraquecer com a humidade da terra... O teu corpo, que foi, é e será sempre meu, longe e destruído pela natureza. A tua alma, eu sei lá, vagueia por aqui, vem beijar-me e parte numa correria para o nada.


O que vai ser de mim agora, que fiz de ti a minha vida e existência?


Vou viver o que resta dos meus dias, esperar que chegue o sopro final ansiosamente, e fugir para o teu colo e aconchego. Desculpa-me por não te ter dito que te amava igualmente, quando te declaraste friamente. Tu tinhas plena consciência que não foi por não senti-lo, a verdade é que eu nunca possuí essa tua segura maneira de ser.


Sou tua, e nunca fui de outrém.




A eternidade guardará o que um dia pronunciaste com o jeito que me cativou: "És escura e linda, meu melro".