sábado, 21 de novembro de 2009

Baú


11-02-2009, esboço do que marcou a minha eterna inocência:

É-me difícil imaginar alguma coisa sem ti. É o teu perfume presente matinalmente, o teu sorriso pronto e o beijo na minha face, assim se vai desfiando o meu dia-a-dia. Ainda sinto o rosto húmido, não das já banais lágrimas, mas da tua última mordidela carinhosa.
Isto não pode ser mais nada a não ser amor. Amor abafado, reprimido, esmagado. Amar alguém que ama outrém.
Como eu gostava de te amar abertamente. Começava por te beijar os olhos e abraçar-te no infinito dos teus lábios. Agarrar o teu sorriso e fechá-lo em mim.
Quero-te feliz, leio-te a alma e não te sinto. Já nem sabes o que significa um imprevisto.
Vê-me aqui, meu mundo. Antes de tudo, quero partir a realidade aos pedaços e devolver-ta transformando-a em fogo.
Ser eu mesma sendo nós. É doloroso, deixa-me repousar num mar de doçura.
Mas é tudo tão lento porque estás longe. Saber onde andas causa-me náuseas. Entregue a um corpo que não é o meu, tudo é frio e dormente.
Embala-me meu tudo, esta noite vai ser conturbada se não estiveres comigo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


Hoje amei-te mais um bocadinho. Como se o facto de me teres abandonado quando estava na minha ruína não tivesse qualquer importância. Amei-te porque sobrevivi a mais um dia sem a tua fria respiração.
Se tu soubesses… Que o meu amor persiste, luta, é convicto, é teimoso! Eu prossigo na cidade capital da cultura, vivo, sorrio o mais que posso, faço o que a mim me diz respeito. E um só pensamento sobre a tua presença fantasma ainda me arrepia.
Seria melhor contigo, raio de Sol da vida de uma multidão. Seria melhor sem ti, culpa que carreguei tão longamente aos ombros.
Sinto-me cansada, o meu velho e esburacado amor não me deixa. Se ao menos um dia destes qualquer me olhasses entre os espelhos… Não precisas de abrir essa boca de desejo, fica só assim.
É a falta de alguém que prometi não largar da minha existência.
Mas se isto te incomoda, ignora, não deve ser assim tão importante.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


Escorrem gotas, pingam do nada que sou para o infinito.
Escorrem velhas gotas frias e arrependidas, que quando eram jovens ferviam e precipitavam-se.
Escorre um gota pela minha nuca, que me fere até às lágrimas, que me desespera, que te tira de mim.
Escorrem gotas quentes que serpenteiam desde a minha gasta alma até ao teu indiferente coração.
Escorrem gotas vermelhas de ausência, do vazio e do absoluto que já fui, da irrelevância que agora sou.
Uma pequena gota de atracção, afasta de mim o cinzento carregado.